sexta-feira, 19 de abril de 2019

O SACRIFÍCIO DA CRUZ :UM NOVO OLHAR

Temo muito a ignorância que prevalece entre as pessoas sobre o tema do sofrimento de Jesus Cristo. Eu suspeito que muitos não vêem a glória e a beleza peculiar da história da crucificação; pelo contrário, eles acham dolorosa, humilhante e degradante. Eles não vêem muito lucro na história da morte de Cristo e os seus sofrimentos.

Agora, eu acredito que essas pessoas estão erradas. Não posso concordar com elas. Eu acredito que é uma coisa excelente para todos nós a realidade da crucificação de Cristo. É uma coisa maravilhosa, para ser freqüentemente lembrada, como Jesus foi entregue nas mãos de homens ímpios, como eles o condenaram em um julgamento injusto, como cuspiram nele, como açoitaram e o coroaram de espinhos. Como o levaram adiante como um cordeiro para o abate, sem a Sua murmuração ou resistência, os cravos em Suas mãos e pés, Ele sobre o Calvário entre dois ladrões, como lhe foi furodo o lado com uma lança, esmurravam no Seu sofrimento e o deixando cair lá nu e sangrando até a morte. De todas essas coisas, eu digo, é bom ser lembrado. Não é à toa que a crucificação é descrita quatro vezes no Novo Testamento. Há muito poucas coisas que todos os quatro escritores do Evangelho descrevem. Em geral, se Mateus, Marcos e Lucas dizem uma coisa na história do nosso Senhor, João não escreve, mas há uma coisa que todos os quatro enfatiza mais plenamente, a história da cruz. Este é um fato revelador, e não pode ser ignorado.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo no Calvário foiram pré-ordenados. Eles não vêem que tudo não foi por acaso ou acidente; tudo foi planejado e determinado desde toda a eternidade. A cruz foi prevista, em todas as disposições da Trindade, para a salvação dos pecadores. Nos propósitos de Deus a cruz foi criada desde a eternidade. Não há um pulsar de dor que Jesus sentiu, nem uma gota de sangue preciosa que Jesus derramou que não tenha sido apontado há muito tempo na eternidade. A sabedoria infinita planejou a redenção pela cruz, a infinita sabedoria trouxe Jesus para a cruz no tempo devido. Ele foi crucificado pelo determinado conselho e presciência de Deus.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo no Calvário foram necessários para a salvação do homem. Ele teve de suportar os nossos pecados; somente com suas pisaduras poderíamos ser curados. Este foi o pagamento das nossas dívidas que Deus iria aceitar, este foi o grande sacrifício de que nossa vida eterna dependia. Se Cristo não tivesse ido para a cruz e sofrido em nosso lugar, o justo pelos injustos, não teria esperança para nós, não haveria a ponte no abismo entre nós e o poderoso Deus, que nenhum homem jamais poderia passar. A cruz foi necessária, a fim de que se possa haver uma expiação do pecado.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo foram suportados de uma maneira voluntária e por sua própria vontade. Ele não estava sob coação: por sua escolha, deu a sua vida; por sua escolha Ele foi ao Calvário, para terminar a obra que Ele veio fazer. Ele poderia facilmente ter chamado legiões de anjos com uma palavra, e Pilatos e Herodes dispersos, e todos os seus exércitos, como a palha diante do vento; mas ele estava disposto, e em seu coração foi definida a salvação dos pecadores. Ele estava decidido a nos salvar de todo pecado e impureza, derramando Seu próprio sangue no calvário.

Leitor, quando eu penso em tudo isto, não vejo nada doloroso ou desagradável no assunto da crucificação de Cristo; pelo contrário, vejo nele a sabedoria e poder, paz e esperança, alegria, conforto e consolação.

J. C. Ryle

Atitude em Relação às Sagradas Escrituras

Outro teste revelador quanto à solidez da experiência religiosa é: Como ela afeta minha atitude em relação às Sagradas Escrituras?

Essa nova experiência, essa visão da verdade, foi gerada pela própria Palavra de Deus ou é resultado de algum estímulo externo, fora da Bíblia? Os cristãos bondosos com freqüência se tornam vítimas de pressões psicológicas fortes aplicadas proposital ou inocentemente por um testemunho pessoal ou por uma história pitoresca contada por um pregador fervoroso que, talvez, pregue com determinação profética, mas que não confrontou sua história com os fatos nem testou a validade de suas conclusões com a Palavra de Deus.

O que quer que tenha origem fora das Escrituras deve ficar sob suspeita até que venha mostrar-se de acordo com elas. Se foi descoberto ser contrário à Palavra da verdade revelada, nenhum cristão sincero irá aceitá-lo como proveniente de Deus. Por mais alto que seja o conteúdo emocional, nenhuma experiência pode ser provada como autêntica a não ser que se encontre autoridade para ela nas escrituras. “À Lei e ao testemunho” (Is 8.20) deve sempre ser a prova final.

Tudo o que seja novo ou singular deve também ser observado como uma dose de precaução até que possa oferecer prova escriturística de sua validade. Neste último meio século, várias noções não-escriturísticas conquistaram aceitação entre os cristãos por alegar acharem-se entre as verdades que deveriam ser reveladas nos últimos dias. É certo, afirmam os defensores desta teoria dos últimos dias, que Agostinho não sabia, nem Lutero, John Knox, Finney e Spurgeon não compreendiam isso; mas uma luz mais forte brilhou sobre o povo de Deus e nós, que vivemos nesses últimos dias, temos a vantagem de uma revelação maior. Não devemos questionar a nova doutrina nem fugir desta experiência mais avançada. O Senhor está preparando Sua noiva para o dia das bodas do Cordeiro. Devemos todos ceder a esse novo movimento do Espírito. É o que nos dizem.

A verdade é que a bíblia não ensina que haverá uma nova luz e experiências espirituais mais avançadas nos últimos dias; ela ensina justamente o oposto. Nada em Daniel ou no Novo Testamento pode ser manipulado a fim de defender a idéia de que nós, que vivemos no final da era cristã, iremos receber luz que não foi conhecida no inicio. Suspeite de todo homem que alegue ser mais sábio do que os apóstolos ou mais santo do que os mártires da igreja primitiva. A melhor maneira de lidar com ele é levantar-se e sair da sua presença. Você não pode ajudá-lo e ele, com certeza, não ajudará você.

Dado, porém, que as Escrituras nem sempre sejam claras e que existem diferenças de interpretação entre homens igualmente sinceros, este teste irá fornecer toda a prova necessária com relação a qualquer assunto de religião, a saber: Como ele afeta meu amor e minha apreciação pelas Escrituras? Embora o verdadeiro poder não esteja na letra do texto, mas no Espírito que o inspirou, jamais devemos subestimar o valor da letra.

(...) Segue-se de fato, então, naturalmente, que aquele que ama de fato a Deus será alguém que ama de fato Sua Palavra. Tudo o que venha a nós por parte do Deus da Palavra irá aprofundar nosso amor pela Palavra de Deus.

A.W. Tozer, Como Provar os Espíritos, pg 23.
Fonte:https://otdx.blogspot.com/search/label/A.W.%20Tozer